Antes de alugar uma van fora do Brasil – O que você precisa saber?

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  1. É melhor reservar o automóvel ainda no Brasil, antes da viagem?
    Sim. Além da garantia de encontrar o carro de sua preferência, quase todas as locadoras internacionais com representação no Brasil (como as gigantes Avis, Hertz, Budget, Dollar, Alamo etc.) têm tarifas promocionais em reais. Geralmente em melhores condições do que as que você encontraria no destino. Sem contar que, reservando aqui, você elimina o risco da falta de automóveis. Sim, apesar da concorrência e das mastodônticas frotas das empresas — só a Avis tem um milhão de carros! —, na alta temporada, há locadoras obrigadas a colocar a placa “sold out” sobre o balcão. Mesmo sendo raro não sobrar um automóvel nos pátios de uma companhia, existe o risco de você querer alugar uma van para acomodar a família e as compras e só encontrar um mini-Metro Geo, cujo porta-malas mal faz jus ao nome. Portanto, reserve. E, de preferência, deixe a locação pré-paga no Brasil (sobram mais dólares para a viagem). Certas companhias têm políticas diferenciadas para clientes preferenciais — e você pode ser um deles mesmo que nunca tenha alugado um carro da empresa. Na Avis, por exemplo, você faz um cadastro, reserva o carro, paga, viaja, um ônibus o apanha no aeroporto de Orlando e o deixa em frente a seu carro, no pátio da empresa, com a chave já no contato — enquanto os clientes comuns são levados ao balcão da locadora para os demorados procedimentos de praxe. Outra vantagem: há upgrades em locação de veículos. Se você alugar e pagar o carro ainda no Brasil e, ao chegar no destino o modelo estiver em falta, receberá um veículo de categoria superior sem nenhum ônus. Vale ou não vale a pena?
  2. Se o automóvel quebrar, recebo outro?
    A resposta é óbvia: sim. Se o carro pifar ou se você espatifá-lo em um poste, um outro automóvel deverá estar em suas mãos em pouco tempo, sem despesas adicionais. Isso, naturalmente, se a locadora for séria e idônea. Nos Estados Unidos e na Europa, é claro, a reposição é quase sempre imediata. 
  3. Dá para alugar sem cartão de crédito?
    De fato, sem um cartão de crédito internacional, você se sente nu no exterior. Mas, por incrível que pareça, dá, sim, para alugar carro sem cartão. Sabe um negócio meio antiquado chamado dinheiro? Money? L’argent? Massari? Ele ainda vale — e muito —, embora alguma lojas americanas sintam um incontrolável impulso de chamar o Serviço Secreto quando você paga uma compra com uma nota fresca de 100 dólares. Como as locadoras se sentem mais seguras quando têm em mãos um boleto em branco marcado com o código de seu cartão, naturalmente alguma garantia extra pode ser exigida do passageiro que “só” carrega dinheiro. Existe outra vantagem em pagar com cartão de crédito. Sobretudo nos Estados Unidos, as principais locadoras têm um sistema para a devolução expressa do veículo. Pouco antes de entrar no avião, você leva o carro até o pátio da empresa, nos arredores dos aeroportos, um funcionário aparece com um palmtop, dá uma examinada no carro e, em segundos, emite seu extrato na maquineta. Qualquer diferença entre o que você já pagou e o que você deve será cobrada de seu cartão, automaticamente. Confie: a conta está certa. 
  4. Minha habilitação é válida fora do Brasil?
    Com exceção de dois países, sim. Os paulistas podem alugar e dirigir automóveis no exterior usando unicamente a sua “carta” de motorista. Para os demais brasileiros, serve a Carteira Nacional de Habilitação. As citadas exceções, para as quais se exige uma habilitação internacional, são a Grécia e a Rússia (pode-se tirá-la no Detran ou no Touring). Na maior parte dos países, porém, o estrangeiro deve ter uma idade mínima para sentar-se ao volante. Pode variar dos 19 anos (na Áustria e na Noruega, por exemplo) aos 25 anos (Bulgária), mas 21 anos é a maioridade padrão internacional para se locar um veículo, incluindo os Estados Unidos. Muitos países também exigem uma espécie de quarentena mínima para se pegar uma estrada — na Itália, por exemplo, pelo menos um ano de habilitação no país de origem. Nos países da ex-Cortina de Ferro, dois anos. Cheque com sua locadora na hora da reserva, aqui no Brasil. 
  5. Que tipo de seguro devo fazer antes de pegar a estrada?
    O mercado internacional é meio complicado para nós, que só sabemos lidar com duas categorias de seguro: os que não existem e os que cobrem tudo. Ao alugar um carro no Brasil, para uso no exterior, você recebe um livreto no qual essa questão é esmiuçada. Ainda assim, fica em dúvida sobre o tipo de cobertura ideal. É fundamental entender o sistema, para evitar surpresas que estraguem a viagem e arruínem as finanças. Nos Estados Unidos e na Europa, as modalidades são semelhantes. O seguro básico é o chamado LDW (Loss Damage Waiver). A rigor, isenta você de qualquer responsabilidade financeira (exceto quando houver franquia) por perda ou dano causado por colisão, roubo e vandalismo. O preço? Uma minivan Dodge Grand Caravan sai por apenas 21 dólares por semana. Quase nada para tamanha tranqüilidade. Mas, se quiser mesmo dar de ombros para o azar, há o seguro ALI, ou Proteção Adicional contra Terceiros — que cobre até morte de outras pessoas. É mais caro que o LDW: cerca de 70 dólares por semana para a van em questão. Você é daqueles que acham que um meteoro vai cair sobre a cabeça? O PAI cobre despesas médicas após acidentes com o veículo. E inclui até seguro de vida! O.k., você é materialista e quer estender a cobertura às bagagens? Nesse caso, a apólice é a PEP, com cobertura de até 1 800 dólares por tudo que você levar no carro. Um pacote com todos os seguros para a minivan Dodge sai por 131 dólares por semana. Você pode optar por não fazer seguro. Aí o carro sai por 239 dólares, em vez de 370. Vai arriscar?
  6. Posso pegar o carro em uma cidade e devolver em outra?
    Nos Estados Unidos, não há problema nenhum. Na Europa, que é um continente, a coisa muda de figura. As locadoras oferecem o serviço, mas cobram uma taxa chamada one way fee — afinal, o veículo tem de retornar sozinho (com um motorista da empresa, bem entendido) ao país de origem, pois não pode ser relocado fora dele.
    As companhias não gostam de entrar em detalhes, mas essa taxa pode ser superior a uma semana de locação! Há situações, porém, em que esse luxo vale a pena. Exemplo: você desembarca em Paris, aluga um carro e faz um tour pela sinuosa e insinuante Costa Amalfitana, no sul da Itália. Termina dias depois, cansado. E aí, a questão: volta a Paris para devolver o carro ou dirige até Roma, paga a tal one way fee e pega o avião ali?
  7. Preciso saber os sinais de trânsito do país pra onde vou?
    Mesmo que nunca tenha ido ao exterior, você saberá o que deve ou não deve fazer no trânsito. A direção segura, limites de velocidade à parte, é mais ou menos universal.
    As infrações também são mais ou menos as mesmas. Presume-se que você vá alugar o carro nos Estados Unidos ou na Europa. Nessa parte do mundo, os símbolos de trânsito são muito parecidos com os nossos. Pode crer que você será visual e claramente informado e entenderá quando determinada rua for sentido único ou você não puder virar à esquerda. Obedeça. Stop é para parar mesmo. Nunca alegue ignorância. Não cola. Nos Estados Unidos, por exemplo, há quase um milhão de brasileiros por ano, dirigindo em ruas e estradas americanas — não poderia haver tamanha exceção às leis. Já em alguns países da Ásia e da África, não se preocupe em conhecer as regras do trânsito — o tráfego é tão caótico que não dá para seguir a lei.
  8. Fazer um leasing é mais barato do que uma locação?
    Sim, mas nem sempre é possível. O único país que oferece essa possibilidade é a França. Ali, em uma ação conjunta da Renault, da Peugeot e da Citroën, as três gigantes automobilísticas francesas, um não-residente como você pode alugar qualquer carro zero-quilômetro dessas marcas, que sai da loja em seu nome e fica nas suas mãos por um período mínimo de 17 a 21 dias. No final das contas, o leasing sai praticamente a metade do preço da locação do mesmo carro no mesmo período. É tanta vantagem que às vezes até compensa devolver o carro antes do tempo. As agências de turismo do Brasil fazem a reserva.
  9. É melhor devolver o carro com o tanque cheio ou vazio?
    Encha o tanque, antes de devolver. Se você devolvê-lo vazio, a empresa vai cobrar o combustível em espécie — e a um preço que faria corar os gananciosos xeques do petróleo. Além do mais, você não estará mais lá para acompanhar a conta (lembra-se da devolução expressa?). Se você for do tipo que está sempre atrasado e acha que não terá tempo de passar por um posto antes de devolver o carro, opte por pagar um tanque a mais na hora de fechar o contrato — sai um pouco mais barato que pagar a gasolina na saída. E algumas empresas ainda oferecem um primeiro tanque como oferta da casa em algumas promoções.
  10. Tenho um filho de colo, outro com 3 anos. Devo levar daqui o bebê conforto e a cadeirinha?
    A maioria das empresas oferece esses opcionais sem custo. Mas esse tipo de acessório é como comida especial de avião — você deve pedir antes. Na hora da reserva especifique os itens necessários ao seu agente de viagem ou à locadora. Há outros artigos disponíveis: rack para esquis, telefone a bordo, e, em algumas locadoras, até um tipo de navegador — um GPS portátil — para ajudar na localização.
  11. Não posso correr em lugar nenhum?
    Pode, se você for à Alemanha. Ali, em certas auto-estradas, a velocidade é livre. São as mais seguras e mais bem projetadas rodovias do mundo. Na Itália também dá para arrepiar. E se esse é o seu caso, ligue em São Paulo para a GSA (% 11/ 257-1177), agência que representa no Brasil a Europecar, que tem Ferrari e até um clássico Bentley Brookland (a U$ 1148 a diária). Nos Estados Unidos, porém, dependendo da marca do velocímetro onde o ponteiro estiver — nunca acima de 65 milhas —, você será parado e, fora a multa, passará pelo constrangimento de algumas horas na cadeia. E se o juiz do caso for daqueles do cinema, arranje um bom advogado.
  12. Fui multado no exterior. Preciso mesmo pagar?
    Muitas vezes você tem de pagar na hora. Mas, se o carro for alugado e a multa for do tipo que é cobrada depois, nem pense em esconder o fato da locadora. A empresa vai pagar, porque o carro é dela, mas depois vai em cima de você. E acaba recebendo.
  13. Vou conseguir dirigir em um lugar com mão-inglesa?
    Vai. Fique tranqüilo que vai. A falta de jeito geralmente não dura muito. Quando começar a dirigir na Inglaterra — no Japão, na Austrália, na Nova Zelândia e na Índia, a mão também é invertida, mas você não vai querer alugar um carro nesses países —redobre a atenção e exercite o lado direito do cérebro, aquele que controla seu lado esquerdo. Ou seria o contrário? Bem, de qualquer forma, o inglês, como se sabe, é fidalgo e fleumático — mas não a ponto de não buzinar se você estiver vindo contra ele, na sua mão-brasileira… As locadoras brasileiras não têm, em seus registros, acidentes graves de turistas brasileiros pegos na mão errada. E, claro, dirigir na mão-inglesa renderá um bom folclore na volta.
  14. Meu sonho é pilotar uma Ferrari. Alguma locadora a tem para alugar?
    Certamente. Se você não é Ronaldinho ou Romário (que acaba de se presentear com um modelo Modena 2000, de 330 mil dólares), uma viagem aos Estados Unidos ou à Europa será a única chance de dirigir o lendário cavalinho vermelho. Fiquemos em Miami — ainda o eldorado dos brasileiros.
    Se quiser desfilar pela Ocean Drive, em South Miami Beach, procure a First Class (% 001305/ 871-0053/439-4687), uma locadora, fundada por brasileiros, especializada em automóveis fora de série, com muitos cavalos acima dos padrões das grandes empresas. Ela conta com duas Ferrari novas: uma 355 e uma 360 Modena (igual à do Romário). Mas é preciso ter cacife para fazer roncar os 400 cavalos dessas máquinas. Está sentado? A diária do modelo 360 é de 1500 dólares. O seguro? A locadora tem, é claro. Mas não adianta muito: a franquia é de 10 mil dólares — o que significa que seu cartão de crédito deve ter no mínimo 10 mil dólares de limite. Para sair com uma delas, você recebe um curso intensivo de dirigibilidade. Pode?
  15. É verdade que infrações de trânsito podem ser crime no exterior?
    Esqueça — ou deixe em segundo plano — aquelas infrações esquisitas do tipo ultrapassar ônibus escolar. Grave mesmo nos Estados Unidos e na Europa é a chamada DUI (Drive Under Influence). Traduzindo em teor alcoólico: Dirigir sob influência. Influência de quê? Adivinhe. No tradicional teste de “fazer um quatro”, se você trançar as pernas errado vai para o distrito. Brasileiros são fregueses das cortes da Flórida por DUI. O mínimo que um motorista embriagado passa na cadeia são nove horas. O máximo é até o pagamento da fiança — que pode ser de 1500 a 5000 dólares. Para turistaestrangeiro, a fiança estabelecida costuma ser a máxima, porque assim o juiz garante que ele vai voltar, ou pelo menos será representado no julgamento. Se ele é inocente — raramente o é —, o dinheiro é estornado.
  16. Que carros especiais as locadoras podem oferecer para locação? Conversíveis, por exemplo?
    Sim, o sol nasceu para todos — que puderem pagar, evidentemente. Que tal um Bentley Arnage? O bólido custa suaves US$ 2623 ao dia. Ou prefere um Porsche Boxter? Um conversível desses sai por US$ 420 ao dia. Quer experimentar um Mercedes SLK ou um Jaguar S-Type? Anote: respectivamente, US$ 370 e US$ 490, ao dia (todos na Mobility, % 0800-160525), na Flórida. Quer um sem capota dentro do orçamento? Uma BMW Z 3 a 127 dólares por dia na Flórida (na First Class, % 001305/ 871-0053/439-4687).
  17. Em que cidade é pior guiar?
    Perguntado sobre qual o lugar mais estranho onde já havia feito amor, Bussunda respondeu: São Paulo. E a repórter: onde em São Paulo? Não pegou o espírito da coisa. Piores cidades do mundo para dirigir? Muitos arriscariam São Paulo, onde hoje não se dirige.Mas, em termos de tráfego, que transforma o ato em uma penitência, a capital paulista se junta à Cidade do México e a Tóquio. Convenhamos: há certos lugares em que pegar o volante é uma tragicomédia. No Cairo, por exemplo, todos os motoristas — milhões deles — tocam a buzina simultaneamente, com ou sem motivo, em uma sinfonia ensurdecedora. Em Bangcoc, capital da Tailândia, o caos das ruas é dividido entre carros, tuk-tuks (triciclos motorizados que funcionam como táxis) e até elefantes. Em Lagos, Nigéria, você se sente em um parque de diversões bem mambembe. Os carros vivem se chocando de leve, como naqueles auto-scooters, para um motorista sinalizar que quer virar. Mas que diabos você vai fazer em Lagos — e de carro alugado?
  18. Há segredos pra manejar um automático?
    Há, mas em termos. Se você nunca dirigiu um, prepare-se para estranhar a ausência de embreagem. Os momentos mais perigosos de um viciado em câmbio mecânico são justamente os primeiros metros — do pátio da empresa até o primeiro sinal luminoso. A tendência é apertar até o fundo o “pedal fantasma” da embreagem, que está ali, como um membro amputado, para reduzir a marcha. Só que aquele pedal é o freio — e então você pára tão bruscamente (o sistema é ABS, quase sempre) que, se vier alguém atrás, você ficará feliz por ter optado pelos seguros LDW e ALI. O estranhamento dura só alguns minutos. Poucas milhas mais tarde, você estará manejando como um perito as letras P (parking, estacionar), R (ré), N (neutro, ponto morto) e D (drive, dirigir). E precisa. Cerca de 95% da frota americana para locação são carros automáticos.
  19. Que tipo de veículo posso alugar?
    Virtualmente, qualquer um. Mas as locadoras “normais” dividem seus veículos em diversas categorias. A dos carros subcompactos, por exemplo, equivalentes aos nossos 1.0, se bem que superiores em conforto, motorização e equipamentos, é a A — aí está o Chevrolet Metro. Na B estão, por exemplo, o Toyota Corolla e o Dodge Neon. A escala vai evoluindo até chegar a W — que inclui as grandes peruas, como o Jeep Cherokee e o Ford Explorer. No meio do caminho, você tem por exemplo um Cadillac Sedan de Ville, um daqueles mitológicos carrões. O modelo preferido do turista brasileiro? As minivans, que acomodam até sete passageiros e muita, muita bagagem. Preço médio de uma Dodge Grand Caravan por semana na Flórida, com o seguro básico: US$ 260. O que você esperava de um mercado que tem empresas com um milhão de automóveis para alugar?
  20. É imprescindível alugar carro no exterior?
    Sim e não. Civilizações baseadas no transporte individual — como Estados Unidos e Canadá — exigem um carro, a menos que você queira se sentir um alienígena. Na ruas de Orlando, fora dos parques, não há viva alma por milhas e mais milhas. Além do mais, locar um carro na América do Norte é mais barato e mais simples que usar qualquer outro meio de transporte. A exceção é Manhattan. Ter carro ali é uma excentricidade, não há lugar para encostar o automóvel e cinco horas em um estacionamento custam mais do que a locação. Além disso, tudo pode ser feito a pé, de táxi ou de metrô. Já na Europa, há controvérsias. Mas ir de carro de um país a outro em estradas impecáveis, sem depender de horários, é um privilégio. Sem falar na paixão do brasileiro por automóveis. O prazer de dirigir um carrão, daqueles que no Brasil se vêem nos estacionamentos dos clubes de futebol em dia de treino, não tem preço.

É isso aí pessoal! Esperamos que tenham gostado das dicas!

Grande abraço e até o próximo artigo!